segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fernando de Noronha - o lado B.

O PARAÍSO CUSTA CARO...

Fernando de Noronha não é photoshop. É mesmo tudo aquilo que vemos nas revistas, nas fotografias que as pessoas trazem de lá e nas imagens de TV. Um lugar surpreendente, bonito e tranquilo.
Se há o paraíso na terra, certamente é lá. Mas, é caro!!!

Apenas um número limitado de turistas (cerca de 1.100)  pode pernoitar na ilha por dia, e dentro da disponibilidade das 140 pousadas. Para passar na "imigração", é  necessário comprovar o pagamento de uma taxa de preservação ambiental de acordo com o período de permanência na ilha - dos turistas, apenas as crianças até 4 anos de idade estão isentos da taxa. (neste site ou neste, é possível fazer o pagamento da taxa de preservação ambiental - chegar com ela paga te poupa o desprazer de uma enorme fila no aeroporto). Essa taxa é direcionada ao Governo do Estado de Pernambuco.

Além da taxa de preservação ambiental, há outra taxa administrativa - da Eco Noronha -  para visitação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR). O valor é de R$ 65,00 para brasileiros e R$ 130,00 para estrangeiros. Este ingresso, válido por 10 dias, dá ao visitante o direito de acessar todas as áreas deste Parque Nacional destinadas ao uso público,  porém serviços terceirizados especializados devem ser contratados a parte.
Pagamos a nossa no quiosque do Bosque Flamboyant.

Importante ressaltar que é no PARNAMAR que estão localizadas as praias mais bonitas da ilha (Leão, Sancho e Baía dos Porcos) - e do Brasil - portanto, a necessidade do pagamento da taxa é indiscutível. Em todos os passeios que fizemos nossa carteirinha foi solicitada.

As pousadas são caríssimas, restaurantes idem. Você paga fácil a diária do Copacabana Palace em uma pousada que nem piscina tem. Pratos individuais raramente custam menos de R$ 50,00 e sobremesas por volta de R$ 30,00. Uma bebida a base de vodka e frutas, R$ 20,00.

E eu que achava que nenhum lugar poderia ser mais caro que o Rio de Janeiro!

Entretanto, as belezas naturais deste lugar são absolutamente únicas, em termos de Brasil.

Mergulhar com arraias, tartarugas enormes, cardumes lindos, moréias, tubarões que não comem gente, polvos, lagostas e todos os outros conterrâneos do Nemo é incrível! Quem ama a natureza, não pode perder esse lugar.


E MALTRATA OS TURISTAS E, MAIS AINDA, SEUS MORADORES!

Enfrentar a fila da "imigração" no aeroporto de Noronha para apresentar a taxa de preservação ambiental paga é a primeira peculiaridade deste lugar, que é quase outro país - de terceiro mundo, claro.

O aeroporto é quase um capítulo a parte! Todos os voos (Gol e Trip) chegam à tarde e partem logo em seguida. Se houver algum problema na aeronave e escurecer, desista, ela só decolará no dia seguinte porque não há pouso ou decolagem noturnos em Noronha, a não ser no caso do Salvaero (serviço de busca e salvamento aéreo) de Recife.

A esteira de bagagem faz tanto barulho, é tão velha e mal conservada que chega a ser engraçado, se não fosse triste.  A sala de embarque é pequena e acomoda, simultaneamente, todos os passageiros da Gol e da Trip que xingam, reclamam e tem ataques claustrofóbicos.



Apesar das tarifas para Noronha serem exorbitantes para os turistas (valores de tarifas internacionais), os residentes na ilha gozam de desconto para voar até Recife - pagam em torno de R$ 160,00. Há 08 (oito) assentos disputadíssimos por vôo e para conseguir um lugar, a fila começa de madrugada.

A infra-estrutura de Fernando de Noronha deixa bastante a desejar. Sofrimento maior para quem mora lá.

As ruas são esburacadíssimas - nos disseram que a decadência veio depois que a ilha passou a ser território do estado de Pernambuco, e não mais território federal.

Há apenas 01 (uma) escola (pública) na ilha, que atende o ensino fundamental e médio.

Quem precisar de atendimento hospitalar, passa aperto! Um dos taxistas que nos atendeu precisou ser atendido e havia apenas 01 (um) TERMÔMETRO no hospital.

As gestantes nativas sofrem, coitadas. Partos não são permitidos na ilha. Os nativos dizem que é porque quem nasce na terra tem direitos sobre ela. Verdade ou não, não há obstetras lá. As parturientes devem ir para Recife 02 (dois) meses antes da data prevista do parto e que se virem por lá, muitas vezes sem família por perto, para arrumar estadia. Há ainda o impacto destes 2 meses de licença maternidade depois que o filho nasce - menos tempo para ficar com o bebê.

Comida? Com exceção do que pode ser pescado, tudo - absolutamente tudo - chega à ilha de navio. Dois navios, uma vez por semana para abastecer os supermercados, as pousadas, 3000 nativos, 1000 turistas por dia...

Lazer resume-se a banhos de mar e cachaça no buteco.

Terra para comprar não existe. Tudo é propriedade do governo. Quem forma família faz um puxadinho no terreno dos pais e vai vivendo assim.

Só pra ter uma idéia da vida dessas pessoas, assista o vídeo http://youtu.be/ZdjDXQfjbM4

Ao contrário dos turistas, que sofrem de euforonha - aquela sensação de que Deus existe e que vem passar um tempo em Noronha quando está de bom humor -, os nativos tem todos os motivos para sofrer de neuronha.
Morar em 17 km2, cercado de água por todos os lados, com poucos recursos me parece enlouquecedor.


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